A realização da XV Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP em Bissau, marcada para 18 de julho, levanta sérias questões sobre a legitimidade política do país anfitrião.
O evento ocorre em um contexto de profunda crise institucional, onde não há presidente da república legitimado pelas urnas, tampouco órgãos de soberania com base constitucional sólida.

A visita do Secretário Executivo da CPLP, Zacarias da Costa, e seu encontro com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Carlos Pinto Pereira, sinaliza que os preparativos continuam, ignorando os apelos democráticos e a ausência de normalidade constitucional no país. Uma conferência que reúne líderes de estados lusófonos deveria simbolizar a união pela democracia, pela legalidade e pela soberania popular — valores que estão ausentes no cenário político da Guiné-Bissau.
A escolha de Bissau como sede da conferência, nessas condições, representa não apenas uma afronta às instituições democráticas, mas também um silêncio cúmplice por parte da comunidade internacional. Enquanto se pavimenta o palco para discursos formais e fotos oficiais, vozes locais exigem transparência, justiça e respeito pela Constituição nacional.
A pergunta que não pode ser ignorada é simples e contundente: como pode um país sem legitimidade exercer hospitalidade diplomática diante de chefes de Estado comprometidos com a legalidade?
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